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Cerca de 30% dos acidentes que ocorreram nos anéis viários de Ribeirão Preto e Marília, de janeiro a maio, envolveram motocicletas em colisões; especialista do setor de Trauma do HC-UE alerta para gravidade de lesões

Sertãozinho, 16 de julho de 2019. No trânsito, a distância entre os veículos é muito mais que uma recomendação de segurança, pode ser a garantia da preservação da vida. O espaço adequado entre um carro e uma motocicleta, por exemplo, permite ao condutor a tomada de decisões de maneira ágil, atenta e preventiva, o que ajuda a evitar acidentes.

Levantamento do Centro de Controle Operacional da Entrevias (CCO) identifica que nos 570 quilômetros de rodovias sob concessão da empresa (considerando as regiões de Marília e Ribeirão Preto) as colisões, principalmente traseiras e laterais, representam 56% do total das ocorrências, seguidas por queda de moto, com 20%, e capotamento, com 14%. Na Rodovia Alexandre Balbo (Anel Viário Norte de Ribeirão Preto – SP-328), de janeiro a maio de 2019, acidentes envolvendo motocicleta representaram 27% do total. Os tipos mais comuns são os tombamentos e as colisões traseiras. A mesma situação é observada na Rodovia Comandante João Ribeiro Barros (SP-294), em Marília, que também tem característica urbana e com grande fluxo de veículos. No trecho em questão, incidentes com motocicletas representam 32% do total de casos no mesmo período, com prevalência de colisões traseiras.

Segundo o diretor do Centro de Trauma da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) de Ribeirão Preto e diretor executivo do Comitê de Trauma Brasileiro, Dr. Maurício Godinho, o trauma é a principal causa de morte entre pessoas de 0 a 49 anos no mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que os acidentes de trânsito são os principais responsáveis por estes traumas. No caso de motocicletas, segundo o médico, as lesões são mais graves e costumam envolver traumas cranioencefálico e fraturas muscoesqueléticas, causados pela exposição do corpo e excesso de velocidade. “Além de todo o impacto e desdobramentos sobre a saúde do motociclista, a maioria fica com graves sequelas e precisa de um longo período de recuperação, o que causa grande impacto econômico e social, principalmente entre homens em idade economicamente ativa”, diz.

Por ano, o Centro de Trauma do HC-UE de Ribeirão Preto recebe cerca de 3 mil pacientes vítimas de traumas, de 26 cidades da macrorregião, principalmente envolvendo motocicletas. Ele explica que a gravidade dos ferimentos poderia ser até 30% menor se os condutores utilizassem equipamentos de segurança corretos, como um bom capacete, jaqueta, luvas e botas. “São amputações, sequelas temporárias e permanentes, mas em todo o caso a recuperação é lenta e demanda afastamento do trabalho e da rotina, isso quando não evolui para a morte”, completa.

Meio de transporte mais econômico, a frota de motos também cresce vertiginosamente. Somente no Estado de São Paulo já são 4,7 milhões de motocicletas, segundo dados do Denatran até maio de 2019. Considerando apenas Ribeirão Preto e Marília, as maiores cidades na rota de rodovias concessionadas, já são pelo menos 157 mil motocicletas registradas.

O gestor de segurança viária da Entrevias, Fábio Ortega, alerta que o excesso de velocidade, somado às ultrapassagens perigosas e comportamentos imprudentes, aumentam a incidência de acidentes. De acordo com o ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária), 90% dos acidentes ocorrem por falhas humanas que variam de desatenção dos condutores a desrespeito à legislação.
“Motoristas, pedestres, ciclistas, todos precisam entender que estão dentro de um sistema viário e que existem regras que levam em consideração os riscos e a segurança do condutor.”, afirma o especialista na área de trânsito e consultor da Entrevias, Carlo Framarim.

Distância Segura
A distância segura entre veículos é aquela em que o motorista terá tempo e espaço para frear e parar sem colidir com outro veículo ou obstáculo. A atenção deve ser ainda maior para motos, já que o condutor fica mais exposto ao tráfego.

“É necessário estar atento e buscar previsibilidade. Entender que as diferenças de peso, tamanho e tipo do veículo vão influenciar muito no tempo necessário de reação e frenagem. Por isso, é fundamental manter uma distância segura para que se tenha tempo de reação suficiente”, diz Framarim.

Não existe uma distância mínima regulamentada, já que há variáveis como o tipo de veículo e as condições do tempo e tipo de rodovia. Porém, especialistas recomendam a dica que consiste em guardar distância de, ao menos, três segundos do veículo da frente. Para isso, basta tomar como referência um ponto que está adiante, pode ser um poste ou uma árvore. Assim que o veículo à frente ultrapassar o objeto, comece a contar “mil e um, mil e dois, mil e três”. Se você chegar no ponto de referência antes de terminar a contagem, significa que é necessário diminuir a velocidade.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, no artigo 192, “deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu veículo e os demais” é motivo para infração grave, punida com 5 pontos na carteira. As velocidades regulamentadas para o Contorno Norte em Ribeirão Preto são de 110 km/h para veículos leves e de 90 km/h para veículos comerciais. Os limites atendem às recomendações previstas em contrato de concessão com o governo do Estado de São Paulo. O trecho também tem sinalização adequada conforme estabelece a lei de trânsito e normas da Artesp e DER/SP. Viaturas de inspeção de tráfego circulam durante todo o dia para garantir mais segurança e fluidez do tráfego.

Diferentes melhorias são aplicadas em todo a malha viária administrada pela Entrevias com o objetivo de reduzir os acidentes, com a instalação de dispositivos como barreiras metálicas de contenção, sonorizadores e sinalização de solo com refletância, entre outras medidas. Para inibir o excesso de velocidade no Contorno Norte e aumentar a segurança dos usuários, a Concessionária encaminhou à Artesp estudos para implantação de cinco radares. Esse levantamento está sob análise do poder concedente.
“Trabalhamos para a diminuição dos acidentes a partir de ações que priorizam a segurança dos motoristas. Também buscamos melhoria contínua por meio de estudos e de um planejamento que acompanha o programa de concessões do governo paulista em oferecer uma malha rodoviária segura e confortável aos usuários”, destaca o gestor de segurança viária da Entrevias, Fábio Ortega.

Dicas importantes

Durante o deslocamento, o motociclista tem a possibilidade de mover-se dentro da faixa de rolamento de um lado para outro com o intuito de aumentar a distância segura em relação aos outros veículos. Algumas situações exigem mudança de posição dentro da faixa. Uma delas é quando há carros cruzando a moto, em sentido contrário. Ao ultrapassar grandes veículos, como caminhões e ônibus, por exemplo, é importante tomar cuidado com o deslocamento de ar causado por eles e que pode desestabilizar a moto. Atrás desses veículos, o turbilhão de ar tende a “puxar” a moto para próximo deles (efeito do vácuo). Na parte dianteira, o ar deslocado direciona-se para os lados, tendendo a “empurrar” a moto para a lateral. Por precaução, mantenha uma distância segura dos veículos, de cinco metros pelo menos, durante a manobra de ultrapassagem.

Condições de tempo

Para quem pega a estrada de motocicleta, os cuidados devem ser redobrados na condição de vento forte. Se o motociclista sentir as rajadas na direção lateral, o recomendado é projetar o corpo para frente, mantendo o peso na roda frontal, e desacelerar.
Antes de ultrapassar veículos de grande porte, é importante analisar se é prudente empreender a manobra. O deslocamento de ar causado por ônibus e caminhões pode desestabilizar a motocicleta e provocar quedas. Manter a distância segura de veículos grandes, sob qualquer condição, é regra básica para a condução segura sobre duas rodas. Quando chove, a pista fica escorregadia e a visibilidade comprometida. A atenção deve ser redobrada em ultrapassagens e frenagens.

Ultrapassagem segura

A ultrapassagem deve ser feita sempre pela esquerda, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver sinalizando para fazer uma conversão à esquerda. Neste caso, aguarde a conversão dele. Nas rodovias, a ultrapassagem só é permitida em locais com sinalização específica (linha tracejada).
Em uma via com várias faixas de circulação no mesmo sentido, as da direita são destinadas aos veículos mais lentos e de maior porte. E as faixas da esquerda são destinadas especificamente à ultrapassagem e ao deslocamento de veículos de maior velocidade. Acostamentos são para emergências. Portanto, os motoristas devem utilizar para parada de seus veículos somente em casos de necessidade. Ultrapassar utilizando essas áreas é proibido e coloca em risco a vida do condutor e de outras pessoas na rodovia.